Prolactina alta, o que pode ser?
- Dr. Daniel Muller
- 13 de jul. de 2023
- 2 min de leitura
A prolactina é produzida na hipófise, uma glândula localizada na base do cérebro atrás dos olhos. A prolactina é o hormônio responsável pela produção de leite das mamas, muito importante para a mulher no período de amamentação. Ela pode também se elevar em situações não desejadas e isso pode trazer algumas consequências para o organismo, seja desregulando o ciclo menstrual nas mulheres, ou reduzindo a produção de testosterona nos homens, gerando infertilidade e também podendo reduzir a massa óssea aumentando o risco de osteoporose. A elevação da prolactina também pode provocar a saída indesejada de leite pelas mamas (galactorréia), que também pode acontecer nos homens.
Segue abaixo algumas das principais causas de elevação:
1. Tumor hipofisário - uma proliferação anormal das células que produzem prolactina na hipófise (prolactinoma) ou de outras células próximas que podem exercer um efeito de compressão no sistema que controla a produção de prolactina local;
2. Inflamação na hipófise (hipofisite) – pode ser de origem autoimune ou infecciosa leva a inflamação da hipófise com liberação de prolactina no sangue. É uma causa rara.
3. Estresse físico ou psicológico: o corpo em situações de estresse pode elevar os níveis de prolactina
4. Hipotireoidismo – quando não controlado, pode estimular a produção de prolactina
5. Medicações: principalmente das classes dos antipsicóticos, anti-eméticos, anti depressivos, alguns opioides e anti-hipertensivos (Exemplos: haloperidol, quetiapina, risperidona, amitriptilina, fluoxetina, sertralina, citalopram, bupropiona, venlafaxina, domperidona, metoclopramida, morfina)
6. Macroprolactinemia – condição em que a prolactina se liga a anticorpos no sangue o que dificulta sua degradação, fazendo-a se acumular no sangue; Neste cenário, o excesso de prolactina não leva a sintomas/prejuízos ao organismo, pois quando ligada a estes anticorpos a prolactina não exerce atividade no organismo.
7. Insuficiência hepática ou renal – pacientes com insuficiências desses dois órgãos podem cursar com elevações de prolactina nos sangue.
O diagnóstico depende de avaliação clínica, exames laboratoriais e em casos selecionados ressonância magnética de sela túrcica (local onde se localiza a hipófise). A solicitação de ressonância antes da avaliação clínica e laboratorial adequada pode resultar na realização de um exame sem necessidade, também pode encontrar alterações na hipófise que as vezes são achados sem relação com o aumento da prolactina (até 30% dos casos) e confundir o processo de avaliação principalmente para quem não está habituado com esses casos, confundindo também o paciente e preocupando-o sem necessidade.
O tratamento da elevação depende da causa e isso é muito importante. Muitas das causas são reversíveis com controle do fator que levou a elevação como melhora de estresse físico e psicológico, substituição de medicações para outras que não induzem ou induzem menos elevação da prolactina, tratamento de hipotireoidismo adequadamente. No caso dos tumores é muito importante diferenciar se o tumor produtor de prolactina (prolactinoma) ou um tumor não produtor. Pois em geral, o prolactinoma responde muito bem ao tratamento com agonista dopaminérgico (ex. cabergolina) e os tumores não prolactinomas não respondem aos agonistas dopaminérgicos e podem necessitar de tratamento cirúrgico.
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